Nascido na antiga e imponente fortaleza de Khazad-Dûm, situada nas longínquas montanhas rochosas ao norte do mundo, Ghimmer desde muito jovem era fascinado pelas histórias e lendas contadas pelos sábios anciãos, especialmente as do deus Arghâm e suas obras. Conta-se que Arghâm, irmão de Moradin, era muito participativo na vida dos anões há alguns séculos, mas sendo um deus muito exigente, decepcionou-se com as gerações subsequentes dos anões e elaborou um plano. Tal plano consistia em construir um mosteiro em um lugar de difícil acesso e só os mais valorosos indivíduos conseguiriam chegar até lá. Planejava assim resgatar a genialidade e o esforço tão presentes nas primeiras gerações de anões. Engenheiros e ferreiros formidáveis, autores de obras incríveis e duradouras. Grandes fortalezas e armas mágicas muito poderosas eram o que Arghâm sentia falta. Assim ele escolheu a dedo os mais dedicados entre os anões e levou-os à borda de um imenso fiorde. Ali estabeleceu bases sólidas e fortes e seus escolhidos começaram a construção de um imponente mosteiro, onde formariam uma sociedade apenas para os mais valorosos anões.
A construção do mosteiro levou aproximadamente quarenta anos e quando finalizado, Arghâm escolheu um dentre os anões para ser o Guardião do mosteiro de Thas’Arghâm.
Ghimmer decidiu que aquele seria seu objetivo. Muitos zombavam e subestimavam sua capacidade. Outros o repreendiam por querer tentar, mas Ghimmer queria provar seu valor perante os anões e alcançar os degraus de pedra do lendário mosteiro. Assim, quando alcançou a idade jovem, resolveu tentar pela primeira vez. A partir de relatos incertos, Ghimmer começou a procurar o caminho para Thas’Arghâm, encontrando-o após dois meses de busca. Mas a escalada era difícil, a nevasca era forte e os predadores eram imprevisíveis. Não era o momento certo. Ghimmer voltou sentindo-se derrotado, mas disposto a se esforçar ainda mais. Assim, alguns anos depois ele tentou novamente para calar aqueles que riam dele. E houve uma persistente tempestade de neve que durou mais de vinte dias e pela segunda vez Ghimmer falhou.
Uma terrível depressão o abalou por algum tempo e ele isolou-se do restante da comunidade. Escondido na escuridão e envolto por grandes paredes de pedra, Ghimmer repensou o sentido de sua busca. Por que ele sentia tanta necessidade de chegar à Thas’Arghâm sendo que tantos já haviam falhado? Talvez ele não fosse digno superar tamanha provação. Ouvindo o insistente barulho do vento gélido passando por entre as rochas e sentindo a solidão avassaladora Ghimmer adormeceu.
Aos quarenta e um anos, chegou em casa vindo de mais um dia nas minas, ajeitou seu equipamento, conferiu novamente as provisões e partiu para a longa estrada até os fiordes. Longos dias se seguiram a partir daí. A mente quieta e o espírito persistente enquanto arriscava sua vida nas íngremes encostas. A constante tempestade e os trovões ressoavam contra seu corpo dia após dia. Ghimmer não lhes dava atenção e caminhava passo a passo por entre o estreito caminho. Já se passavam mais de trinta dias desde o início de sua escalada, quando, no início de mais uma bela noite, Ghimmer avistou luzes ao longo de uma pequena estrada. Correu com um ânimo renovado e encontrou uma imensa escadaria que subia até uma fortaleza construída na rocha. Beirando a exaustão, subiu rapidamente os degraus até o grande portão de madeira que abriu com uma surpreendente facilidade. Havia um grande hall, onde estavam depositados diversos equipamentos, provisões e armas. Ghimmer ouviu um barulho à sua esquerda e outro grande portão de madeira abria sem dificuldade. Dele saiu um anão de longos cabelos e barbas brancas, que se identificou como Allvhar e o convidou a juntar-se a ele no salão, pois era um grande dia e os outros esperavam ansiosamente para conhecê-lo.
Continua...